A Verdade é a Base do Verdadeiro Amor Cristão

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Crescendo na Fé

“A fé não consiste na ignorância, senão no conhecimento; e este conhecimento há de se não somente de Deus, senão também de sua divina vontade.” (João Calvino)

“Por isso, não podendo esperar mais, achamos por bem ficar sozinhos em Atenas; e enviamos Timóteo, nosso irmão, e ministro de Deus, e nosso cooperador no evangelho de Cristo, para vos confortar e vos exortar acerca da vossa fé; Para que ninguém se comova por estas tribulações; porque vós mesmos sabeis que para isto fomos ordenados, pois, estando ainda convosco, vos predizíamos que havíamos de ser afligidos, como sucedeu, e vós o sabeis. Portanto, não podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil. Vindo, porém, agora Timóteo de vós para nós, e trazendo-nos boas novas da vossa fé e amor, e de como sempre tendes boa lembrança de nós, desejando muito ver-nos, como nós também a vós; Por esta razão, irmãos, ficamos consolados acerca de vós, em toda a nossa aflição e necessidade, pela vossa fé, porque agora vivemos, se estais firmes no Senhor. Porque, que ação de graças poderemos dar a Deus por vós, por todo o gozo com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso Deus, orando abundantemente dia e noite, para que possamos ver o vosso rosto, e supramos o que falta à vossa fé?” (1Tessalonicenses 3:1-10)

É por meio da fé que Cristo nos é comunicado, é através da fé que chegamos a Deus, e através da fé que usufruímos os benefícios da adoção.

No texto de 1Ts 2:17-20, Paulo explicitou seu desejo de ampliar seu relacionamento com os cristãos tessalonicenses pela sintonia do coração, sintonia que viria do contato direto e superação das interferências das investidas satânicas.

Este relacionamento, agora, passava por alguns estágios bem definidos: preocupação (v.1) – Paulo, impedido de visitar Tessalônica,  estava sinceramente e profundamente inquietado com a sua comunidade cristã, ele saíra de lá, mas seu coração continuava lá; investigação (v. 2-5) – do sentir ele passa para o agir destacando seu companheiro Timóteo para avaliar o “estado da fé” dos tessalonicenses (v. 5) bem como para encorajá-los (v. 2-4); informação (v. 6) – Timóteo cumpriu sua missão e retornou a Paulo trazendo boas notícias; consolação (v. 6-8) – Paulo sentiu-se muito feliz ao constatar que os tessalonicenses estavam trilhando um caminho de maturidade e vitória; gratidão (v. 9-10) – ele reconheceu Deus como o Grande promotor de todas estas transformações na igreja de Tessalônica.

Nestes estágios percorridos por Paulo fica claro que ele tinha um foco central:  a (v. 2, 5, 6, 7, 10). Seu grande sonho era que os cristãos tessalonicenses estivessem efetivamente PROGREDINDO NA FÉ. Este é, igualmente, a vontade revelada na palavra de Deus para nós hoje, por isso, cabe perguntar responsavelmente: Como se dá na igreja o progresso na fé?   

Vejamos o que o texto nos diz:

1– O PROGRESSO NA FÉ ENVOLVE O APASCENTAMENTO EM PARCERIA (v. 1-2)

Todas as ações de Paulo em Tessalônica, desde o plantio da igreja, se deram através de uma equipe formada por ele, Silvano (Silas) e Timóteo, pois Paulo  estava ciente de que a missão é, foi e sempre será um trabalho solidário e não um trabalho solitário. Por isso, abrindo mão de suas necessidades pessoais (v. 1), enviou-lhes Timóteo que tinha as credenciais essenciais para o apascentamento dos tessalonicenses:

·      Era irmão (v. 2) – tinha uma genuína experiência de descoberta da paternidade de Deus em Jesus e um compromisso sincero com a família da fé;
·   Era ministro de Deus (v. 2) – via-se como um “diácono”, um “servo” inteiramente disponível para cumprir o propósito de Deus na vida de Seu povo;
·    Era um homem sintonizado com o Evangelho de Cristo (v. 2) – fazia do Evangelho sua referência maior de vida;
·     Era um homem sintonizado com os tessalonicenses – estava mais do que capacitado para relacionar-se com eles num trabalho que envolveria “confirmação e exortação” (v. 2), ou seja, a preservação dos avanços espirituais já alcançados e o encorajamento para progredir nas áreas de fragilidade.

Nosso progresso na fé passa, necessariamente, pela determinação em levantar uma equipe de pessoas que enxerguem além “de seus umbigos” e estejam dispostas a serem usadas como parceiras no cuidado das ovelhas que temos e daquelas que o Senhor nos dará. Este apascentamento em equipe, assim, envolve: Convocação, capacitação, delegação e supervisão. Concretiza-se, basicamente, através do discipulado e dos pequenos grupos.

Assim, duas perguntas objetivas precisam ser feitas: Quem cuida de você e de quem você está cuidando? É a partir deste cuidado recíproco que a igreja progride na fé...

2 – O PROGRESSO NA FÉ ENVOLVE A SUPERAÇÃO DAS TRIBULAÇÕES (v. 3-5)

A prioridade número um de Timóteo em Tessalônica seria ajudar a igreja a reagir de forma positiva em meio às tribulações.  Sobre elas Paulo afirmou:

·    As tribulações fazem parte do propósito maior de Deus para as nossas vidas (v.3) – tribulação não é um simples imponderável do destino ou um acaso da história, é algo que Deus usa para burilar, moldar, aperfeiçoar a nossa fé;
·  Sempre fizeram parte da relação de Paulo com os tessalonicenses (v. 4; 1:6; 2: 9, 14) – nunca existiu, não existe e nunca existirá uma caminhada de fé sem tribulações;
·   As tribulações são usadas por satanás para desvirtuar o progresso na fé que Deus estabeleceu para  nossas vidas (v. 5, 2:18) – Paulo queria que Timóteo averiguasse o “estado da fé” dos tessalonicenses no que dizia respeito à maneira como estavam reagindo às tribulações pois, apesar de serem  instrumentos de Deus para fortalecimento da nossa fé, também são astutamente usadas por satanás, o “tentador”, para nos enfraquecer, fragilizar, derrotar e destruir. E quando satanás alcança este objetivo, diz Paulo, o trabalho ministerial torna-se inútil....

Precisamos, a cada dia, desenvolver uma postura positiva nas tribulações: Admitindo-as – vida cristã não é uma apólice de seguro contra o sofrimento (At 9:15-16; 14:22);   enfrentando-as com a provisão de Jesus (Rom 8:31-37) – não podemos negar, subestimar ou superestimar as tribulações, mas com equilíbrio, podemos e devemos vencê-las para progresso da nossa fé...

3 – O PROGRESSO NA FÉ ENVOLVE CELEBRAÇÃO DAS CONQUISTAS (v. 6-10)

Timóteo voltou de Tessalônica com “boas notícias” da Igreja (v. 6a):

·    Continuava com uma fé operante e um amor abnegado (v. 6, 1:3);
·    A igreja continuava tendo no coração um sincero interesse por Paulo, Silvano e Timóteo, sonhando inclusive, assim como Paulo, com a possibilidade de encontrá-los (v. 6b);
·  Continuava reagindo de forma positiva às tribulações de Paulo e equipe (v. 7) – não estavam desanimados nem desmotivados. Este relatório tão esperançoso provocou em Paulo um grande “consolo” (v.7) = “encorajamento” pois, se para ele viver bem era ver a igreja firmada no Senhor, ele agora de fato vivia (v.8); por isso, mais do que depressa, entrou na presença do Senhor com alegria e regozijo, rendendo graças pela grande obra que Ele, através da instrumentalidade de Paulo, Silvano e Timóteo, estava fazendo em Tessalônica (v. 9).

A corrida da fé é uma grande maratona que se iniciou quando cremos em Jesus como Salvador e Senhor (justificação – ficamos livres da condenação do pecado)  e só  terminará quando estivermos definitivamente e plenamente diante de Jesus na eternidade (glorificação – ficaremos completamente livres da presença do pecado). Neste intervalo entre largada e chegada vivemos o desafio da santificação (vencermos, em Cristo, o poder do pecado), ou seja, uma luta permanente, determinada e intensa para pecar menos.

Nela, cada vitória, seja pequena ou grande, precisa ser alegremente celebrada para a glorificação do Deus que a confere a nós e para encorajamento nas novas batalhas que virão. Infelizmente, algumas vezes, a igreja vive intensamente as derrotas e superficialmente as vitórias. Agindo assim, estamos andando na cartilha do inimigo, que objetiva sempre nos desviar do progresso proposto por Deus. A celebração das conquistas do passado é um poderoso estímulo para novas conquistas no futuro!

Paulo terminou, surpreendentemente, fazendo uma “pergunta afirmativa” na qual declarou que estava “orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as deficiências da vossa fé (v. 10). Para quem acabara de celebrar as boas notícias, a eficiência da comunidade cristã de Tessalônica, parece paradoxal lembrar imediatamente que ela ainda tinha na fé “deficiências” = “coisas que faltam, falhas”

O progresso na fé, não significa a ausência de deficiências, mas uma postura construtiva, determinada, ousada, corajosa, contínua e firme no trato delas por meio de três iniciativas básicas:

·  O apascentamento em parceria – a tarefa de cuidado das ovelhas precisa ser descentralizada;
·      A superação das tribulações – a chegada da tribulação é uma sinalização de que Deus deseja nos estimular a progredir mais;
·         A celebração das conquistas – o reconhecimento honesto, sincero e humilde as vitórias alcançadas nos empurrará para conquistas maiores.

Mas, lembra Paulo, mesmo fazendo tudo isto, continuaremos sujeitos aos desvios e retrocessos das deficiências, pois temos uma natureza corrompida.

Qual a saída? Compreender que as deficiências da fé podem e devem ser reparadas com “empenho máximo” da oração, onde cada pessoa, por meio do relacionamento em amor, se responsabilizará em dar sua contribuição efetiva para comunitariamente vivenciarmos o genuíno PROGRESSO DA FÉ!


Pastor Romildon (Igreja Batista Graça e Paz)

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