“A fé não consiste na ignorância, senão no conhecimento; e
este conhecimento há de se não somente de Deus, senão também de sua divina
vontade.” (João Calvino)
“Por isso, não podendo esperar mais, achamos por
bem ficar sozinhos em Atenas; e enviamos Timóteo, nosso irmão, e ministro de
Deus, e nosso cooperador no evangelho de Cristo, para vos confortar e vos
exortar acerca da vossa fé; Para que ninguém se comova por estas tribulações;
porque vós mesmos sabeis que para isto fomos ordenados, pois, estando ainda convosco, vos predizíamos
que havíamos de ser afligidos, como sucedeu, e vós o sabeis. Portanto, não
podendo eu também esperar mais, mandei-o saber da vossa fé, temendo que o
tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser inútil. Vindo, porém,
agora Timóteo de vós para nós, e trazendo-nos boas novas da vossa fé e amor, e
de como sempre tendes boa lembrança de nós, desejando muito ver-nos, como nós
também a vós; Por esta razão, irmãos, ficamos consolados acerca de vós, em toda
a nossa aflição e necessidade, pela vossa fé, porque agora vivemos, se estais
firmes no Senhor. Porque, que ação de graças poderemos dar a Deus por vós, por
todo o gozo com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso Deus,
orando abundantemente dia e noite, para que possamos ver o vosso rosto, e
supramos o que falta à vossa fé?” (1Tessalonicenses 3:1-10)
É por meio da fé que Cristo nos é comunicado, é através da fé que chegamos a Deus, e através da fé que usufruímos os benefícios da adoção.
No texto de 1Ts 2:17-20, Paulo
explicitou seu desejo de ampliar seu relacionamento com os cristãos
tessalonicenses pela sintonia do coração, sintonia que viria do contato direto
e superação das interferências das investidas satânicas.
Este
relacionamento, agora, passava por alguns estágios
bem definidos: preocupação (v.1)
– Paulo, impedido de visitar Tessalônica, estava sinceramente e
profundamente inquietado com a sua comunidade cristã, ele saíra de lá, mas seu
coração continuava lá; investigação (v. 2-5) – do sentir ele
passa para o agir destacando seu companheiro Timóteo para avaliar o “estado da
fé” dos tessalonicenses (v. 5) bem como para encorajá-los (v. 2-4); informação (v.
6) – Timóteo cumpriu sua missão e retornou a Paulo trazendo boas
notícias; consolação (v. 6-8) – Paulo sentiu-se muito feliz ao
constatar que os tessalonicenses estavam trilhando um caminho de maturidade e
vitória; gratidão (v. 9-10) – ele reconheceu Deus como o
Grande promotor de todas estas transformações na igreja de Tessalônica.
Nestes estágios percorridos por Paulo
fica claro que ele tinha um foco central: a fé (v. 2, 5, 6, 7, 10). Seu grande sonho era que os cristãos
tessalonicenses estivessem efetivamente PROGREDINDO NA FÉ. Este é, igualmente,
a vontade revelada na palavra de Deus para nós hoje, por isso, cabe perguntar
responsavelmente: Como se dá na igreja o progresso na fé?
Vejamos o que o texto nos diz:
1– O PROGRESSO NA FÉ ENVOLVE O APASCENTAMENTO EM PARCERIA (v. 1-2)
Todas
as ações de Paulo em Tessalônica, desde o plantio da igreja, se deram através
de uma equipe formada por ele, Silvano (Silas) e Timóteo, pois Paulo estava
ciente de que a missão é, foi e sempre será um trabalho solidário e não um
trabalho solitário. Por isso, abrindo mão de suas necessidades pessoais (v. 1),
enviou-lhes Timóteo que tinha as credenciais essenciais para o
apascentamento dos tessalonicenses:
· Era irmão (v. 2) –
tinha uma genuína experiência de descoberta da paternidade de Deus em Jesus e
um compromisso sincero com a família da fé;
· Era ministro de Deus (v.
2) – via-se como um “diácono”, um “servo” inteiramente disponível para cumprir
o propósito de Deus na vida de Seu povo;
· Era um homem sintonizado com o Evangelho
de Cristo (v. 2) – fazia do Evangelho sua referência maior de vida;
· Era um homem sintonizado com os
tessalonicenses – estava mais do que capacitado para relacionar-se com eles num
trabalho que envolveria “confirmação e exortação” (v. 2), ou seja,
a preservação dos avanços espirituais já alcançados e o encorajamento para progredir
nas áreas de fragilidade.
Nosso progresso na fé passa, necessariamente, pela determinação em levantar uma equipe de pessoas que enxerguem além “de seus umbigos” e estejam dispostas a serem usadas como parceiras no cuidado das ovelhas que temos e daquelas que o Senhor nos dará. Este apascentamento em equipe, assim, envolve: Convocação, capacitação, delegação e supervisão. Concretiza-se, basicamente, através do discipulado e dos pequenos grupos.
Assim, duas perguntas objetivas
precisam ser feitas: Quem cuida de você e de quem você está cuidando? É a
partir deste cuidado recíproco que a igreja progride na fé...
2 – O PROGRESSO NA FÉ ENVOLVE A SUPERAÇÃO DAS TRIBULAÇÕES (v. 3-5)
A prioridade número um de Timóteo em
Tessalônica seria ajudar a igreja a reagir de forma positiva em meio às tribulações. Sobre elas
Paulo afirmou:
· As tribulações fazem parte do
propósito maior de Deus para as nossas vidas (v.3) – tribulação não é um
simples imponderável do destino ou um acaso da história, é algo que Deus usa
para burilar, moldar, aperfeiçoar a nossa fé;
· Sempre fizeram parte da relação de
Paulo com os tessalonicenses (v. 4; 1:6; 2: 9, 14) – nunca existiu, não existe
e nunca existirá uma caminhada de fé sem tribulações;
· As tribulações são usadas por satanás
para desvirtuar o progresso na fé que Deus estabeleceu para nossas
vidas (v. 5, 2:18) – Paulo queria que Timóteo averiguasse o “estado da fé” dos
tessalonicenses no que dizia respeito à maneira como estavam reagindo às
tribulações pois, apesar de serem instrumentos de Deus para
fortalecimento da nossa fé, também são astutamente usadas por satanás,
o “tentador”, para nos enfraquecer, fragilizar, derrotar e destruir. E
quando satanás alcança este objetivo, diz Paulo, o trabalho ministerial
torna-se inútil....
Precisamos, a cada dia, desenvolver uma postura positiva nas tribulações: Admitindo-as – vida cristã não é uma apólice de seguro contra o sofrimento (At 9:15-16; 14:22); enfrentando-as com a provisão de Jesus (Rom 8:31-37) – não podemos negar, subestimar ou superestimar as tribulações, mas com equilíbrio, podemos e devemos vencê-las para progresso da nossa fé...
3 – O PROGRESSO NA FÉ ENVOLVE CELEBRAÇÃO DAS CONQUISTAS (v. 6-10)
· Continuava com uma fé operante e um
amor abnegado (v. 6, 1:3);
· A igreja continuava tendo no coração
um sincero interesse por Paulo, Silvano e Timóteo, sonhando inclusive, assim
como Paulo, com a possibilidade de encontrá-los (v. 6b);
· Continuava reagindo de forma positiva
às tribulações de Paulo e equipe (v. 7) – não estavam desanimados nem
desmotivados. Este relatório tão esperançoso provocou em Paulo um grande
“consolo” (v.7) = “encorajamento” pois, se para ele viver bem era ver a igreja
firmada no Senhor, ele agora de fato vivia (v.8); por isso, mais do que
depressa, entrou na presença do Senhor com alegria e regozijo, rendendo graças
pela grande obra que Ele, através da instrumentalidade de Paulo, Silvano e
Timóteo, estava fazendo em Tessalônica (v. 9).
A corrida da fé é uma grande maratona que se iniciou quando cremos em
Jesus como Salvador e Senhor (justificação – ficamos livres da condenação do
pecado) e só terminará quando estivermos definitivamente
e plenamente diante de Jesus na eternidade (glorificação – ficaremos completamente
livres da presença do pecado). Neste intervalo entre largada e chegada vivemos
o desafio da santificação (vencermos, em Cristo, o poder do pecado), ou
seja, uma luta permanente, determinada e intensa para pecar menos.
Nela, cada vitória, seja pequena ou
grande, precisa ser alegremente celebrada para a glorificação do Deus que a
confere a nós e para encorajamento nas novas batalhas que virão. Infelizmente,
algumas vezes, a igreja vive intensamente as derrotas e superficialmente as
vitórias. Agindo assim, estamos andando na cartilha do inimigo, que objetiva
sempre nos desviar do progresso proposto por Deus. A celebração das conquistas
do passado é um poderoso estímulo para novas conquistas no futuro!
Paulo terminou, surpreendentemente,
fazendo uma “pergunta afirmativa” na qual declarou que estava “orando
noite e dia, com máximo empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as
deficiências da vossa fé (v. 10). Para quem acabara de celebrar as
boas notícias, a eficiência da comunidade cristã de Tessalônica, parece
paradoxal lembrar imediatamente que ela ainda tinha na fé “deficiências” =
“coisas que faltam, falhas”.
O progresso na fé, não significa a
ausência de deficiências, mas uma postura construtiva, determinada, ousada,
corajosa, contínua e firme no trato delas por meio de três iniciativas
básicas:
· O apascentamento em parceria – a
tarefa de cuidado das ovelhas precisa ser descentralizada;
· A superação das tribulações – a
chegada da tribulação é uma sinalização de que Deus deseja nos estimular a
progredir mais;
·
A celebração das conquistas – o
reconhecimento honesto, sincero e humilde as vitórias alcançadas nos empurrará
para conquistas maiores.
Mas, lembra Paulo, mesmo fazendo tudo
isto, continuaremos sujeitos aos desvios e retrocessos das deficiências,
pois temos uma natureza corrompida.
Qual a saída? Compreender que as
deficiências da fé podem e devem ser reparadas com “empenho máximo” da oração,
onde cada pessoa, por meio do relacionamento em amor, se responsabilizará em
dar sua contribuição efetiva para comunitariamente vivenciarmos o genuíno
PROGRESSO DA FÉ!
Pastor Romildon (Igreja Batista Graça e Paz)
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