A Verdade é a Base do Verdadeiro Amor Cristão

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os Pilares da Reforma Protestante



A igreja Cristã, no primeiro século, nasceu num berço humilde, e seus apóstolos na sua maioria eram pescadores,  igreja esta que nasceu sob o poder do Espírito Santo quando foi derramado no Pentecoste. Era uma igreja sem dinheiro, sem pessoas influentes na sociedade, sem meios modernos de comunicação, e em apenas quarenta anos penetrou em todo império romano. Apesar da perseguição sangrenta, truculenta, que foi imposta sobre a igreja, ela cresceu, floresceu e se multiplicou.

Entretanto, no ano 313 a.C., o imperador Constantino juntou o estado com a igreja, e aquela união tornou-se um concubinato espúrio, porque quando Constantino declara o cristianismo como religião oficial do império romano ele passa a ser chefe da igreja e chefe do estado. Não tardou para que os bispos das cinco principais cidades do mundo (Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém) começassem a buscar hegemonia de poder.

Então no ano 607 a.C. o imperador Flávio Focas decreta e declara o bispo de Roma Bonifácio III como o bispo universal, começando aí a instituição do papado. Esta posição levou a igreja a desviar-se rapidamente da sua fidelidade à escritura sagrada. A igreja tornou-se política e economicamente cada vez mais forte passando a unir-se informalmente ao estado e a igreja foi perdendo sua pureza doutrinária, perdendo a sua piedade espiritual, e não tardou para que a igreja se corrompesse e introduzir doutrinas estranhas à palavra de Deus.

Já no começo do século XVI, pregavam-se as indulgências, porque o Papa Leão X estava construindo a basílica de São Pedro e precisando de dinheiro mandou seus emissários para a Europa (especialmente Johannes Tetzel para a Alemanha) para vender perdão de pecados (indulgências). Dependendo do dinheiro que entrava nos cofres da igreja o Papa assinava uma bula vendendo anos, cinco anos, dez anos, vinte anos, ou até mesmo o perdão eterno. Essa situação certamente estava equivocada, porque não tem amparo na palavra de Deus, visto que só Deus tem poder para perdoar pecados.

O monge agostiniano Martinho Lutero, que já tinha descoberto a verdade bendita da palavra de Deus (“o justo viverá pela fé” - Rm 1:17), ao ver que Tetzel pregava estas coisas contrárias a Bíblia na Alemanha, estrategicamente, em 31 de outubro de 1517, Lutero fixou nas portas da igreja de Wittenberg as 95 teses contra as indulgências. Porque ele fixa essas teses exatamente no dia 31? Porque Wittenberg era a igreja da universidade, e lá existia um tipo de painel onde as pessoas iam ler as principais notícias, seja da faculdade ou das situações políticas e religiosas mais relevantes daquele tempo, e no dia 1º era celebrado o dia de todos os santos gerando um grande fluxo de pessoas se dirigindo a aquela igreja. Desta maneira, colocando estas teses no dia 31, na véspera desta grande multidão na igreja, era uma atitude estratégica de Lutero para que as idéias da reforma pudessem espalhar por toda Alemanha.


Então neste dia 31 de outubro de 1517, nasceu a Reforma Protestante, vindo daí muitos embates como a Dieta Imperial em Worms, as perseguições onde Lutero refugiou-se num castelo e traduziu a bíblia para o alemão e a reforma começou a ganhar corpo. A partir daí, o evangelho passou a ser pregado na língua do povo.



E hoje podemos sintetizar os pilares da reforma em alguns pontos importantes:
1.  Sola Scriptura (Somente a Escritura) – A reforma não foi um movimento de desvio da igreja, ao contrário, foi uma volta ao cristianismo bíblico, uma volta à doutrina apostólica, uma volta à palavra de Deus. A reforma preceitua que a bíblia sagrada é a nossa única regra de fé e prática. Nós não podemos aceitar a tradição, nem os sonhos, nem as visões, nem as revelações fora das escrituras, nem as experiências, nem os decretos, nem os concílios, nada tem a mesma autoridade da palavra de Deus, pois a autoridade da igreja está debaixo da autoridade da escritura. Uma igreja para ser bíblica ela precisa crer que a bíblia é a palavra de Deus, inerrante, infalível e suficiente.
2.  Sola Fide (Somente a Fé) – A reforma revela que não é fé + obras que nos leva a salvação (doutrina do sinergismo, como se o homem pudesse cooperar com Deus na sua salvação), pois isso é um equívoco. A bíblia diz que “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; (Efésios 2:8-9)”, de tal maneira a fé é a causa da nossa salvação, e as obras são conseqüências da salvação, a fé é como a raiz e as obras são como frutos. Na verdade não somos salvos apenas pela fé, mas uma fé que não vem só, uma fé que produz obras, não é uma fé morta, é uma fé viva do Deus vivo que tem obras como sua evidência e como seu resultado.
3.  Sola Gratia (Somente a Graça) – A reforma afirma que somente através da graça de Deus que pode levar o homem à salvação. Graça é favor não merecido, pois o ser humano não merece o favor de Deus, e Deus não é obrigado a favorecer ao homem. Primeiro porque o homem está morto em seus delitos e pecados, o homem jamais pode salvar-se a si mesmo, quer pela sua religiosidade, pelos seus predicados morais, pelos seus ritos sagrados, nada que o homem faça pode atender aos reclamos da lei de Deus, pois diz a bíblia que nossas justiças aos olhos de Deus não passam de trapos de imundícia (Isaías 64:6). A salvação é obra específica e exclusiva da graça de Deus, pois não há nenhum mérito no homem, não há nada que o homem possa fazer para Deus amá-lo mais ou amá-lo menos. Deus ama você (cristão) com amor eterno e derramou abundantemente sobre você a Sua graça dando seu único filho para morrer em seu lugar e em seu favor. A salvação é inteiramente pela graça de Deus, de tal maneira, que ninguém vai entrar no céu batendo no peito dizendo “estou aqui porque mereço, porque fiz por onde, porque sou bom, porque pratiquei boas obras, ...”, isso é impossível, porque o padrão para entrar o céu é a perfeição, ser perfeito. A bíblia diz: “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos. (Tiago 2:10)”. O homem é imperfeito, pecador, e a bíblia diz que o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23), de tal forma que, somos salvos somente pela abundante graça de Deus.
4.  Solus Christus (Somente Cristo) – Note que a igreja da idade média, que tinha se desviado da verdade de Deus, pregava Jesus e uma série de outros que podiam cooperar com a salvação, outros mediadores, como santos, como os apóstolos, como o Papa, como Maria. Mas a reforma resgata essa verdade bíblica de que Jesus Cristo é exclusivo, não há salvação em nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos, a não ser o nome do bendito Senhor Jesus. A bíblia diz “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. (1Timóteo 2:5)”, “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14:6)”. Somente Jesus Cristo pode conduzir você a Deus, somente Ele morreu em seu lugar, somente Ele verteu seu sangue em seu favor, somente Ele é o seu advogado que pode defender a sua causa junto ao trono da graça, não há outro salvador, não há outro mediador, somente Jesus. De tal forma, que não há possibilidade de alguém chegar até Deus pegando um atalho, ou por outros meios, porque o próprio Deus já estabeleceu Jesus como a única porta, o único e vivo caminho. Se você quer ser salvo, não há outra possibilidade de você ser salvo, a não ser que você receba Jesus como seu Senhor, Seu Salvador, e se arrependa de seus pecados, se derrame aos pés de seu Salvador e entregue completamente incondicionalmente a sua vida a Jesus Cristo.
5.  Soli Deo Gloria (Somente a Deus a Glória) – Toda glória dada ao homem é glória vazia, é vã glória. Não há nenhum mérito humano, pois a salvação é obra exclusiva de Deus. A bíblia diz que, “E aos que Deus predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou (Romanos 8:30)”. Embora a glorificação seja um fato futuro e escatológico, na mente de Deus os decretos já é um fato consumado. De tal maneira que tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Jesus Cristo. A salvação é obra de Deus, planejada por Deus, realizada por Deus, aplicada por Deus e consumada por Deus. De tal maneira, que a graça vem de Deus e a glória tem que ser dada exclusivamente a Deus. Quando paramos para analisar as igrejas evangélicas hoje, percebemos que estão perdendo essa singularidade do evangelho, pois estamos vendo a multiplicação da igreja evangélica em solo terreno, mas o que está crescendo na verdade não é o evangelho genuíno da graça, é outro evangelho, um evangelho híbrido, místico, adocicado, palatável, para agradar o gosto da freguesia, o evangelho sem cruz, sem arrependimento, sem novo nascimento, sem santidade, sem ética, sem transformação de vida. Hoje as igrejas chamadas evangélicas estão tantas vezes comprometidas com o misticismo, com pragmatismo, com liberalismo teológico, perdendo o rumo da sua fidelidade a Deus e as escrituras, e desta maneira não basta ter o nome de evangelho ou protestante, precisamos verdadeiramente abraçar o cristianismo bíblico, o cristianismo apostólico, o cristianismo da reforma do século XVI, dos avivalistas, dos missionários que deram sua vida pelo evangelho, o evangelho vivo, poderoso, santo, que enche a alma de esperança e dar ao homem a garantia da vida eterna.
 
Então devemos voltar-nos a escritura, ter uma vida santa, ter uma vida pura, ter uma vida sincera diante de Deus, pois Deus quer que sejamos uma luz a brilhar, sejamos o sal a salgar e dar sabor a este mundo que perece, sem rumo e sem direção na escuridão das trevas. Que venhamos verdadeiramente levantar a bandeira da reforma, ter e pregar um evangelho genuíno, para a salvação de milhares e para glória de Deus.


Neryvan Felipe



Nenhum comentário:

Postar um comentário